Via Trolebus no Chile: O Metrô de Santiago

Se inicia el cierre de puerta“. É desta forma que uma gravação, junto com a campainha do trem, avisa o fechamento das portas, para que nenhum passageiro fique preso ou segure o equipamento, e atrase o veloz metrô de Santiago. O Via Trolebus esteve no Chile, e neste especial trará um panorama deste importante país da America do Sul, sob a ótica da mobilidade urbana.

Impressões

A primeira impressão de quem chega do metrô da capital chilena é boa. Limpo e organizado, com alta frequência dos trens e quase nenhum solavanco nas composições, pelo menos nas linhas 1, 4 e 5, mais visitadas pelo Blog. As composições não são vazias, mas pelo menos no período em que utilizamos os trens, no final do ano, o fluxo de passageiros era dentro do aceitável, pelo menos por quem anda no Metrô de São Paulo. Em 2012,  o sistema metroviário da capital chilena foi escolhido como o melhor da America, pelo anuário Metro Rail publicado em Londres.

Estação Francisco Bilbao, e trem fabricado pela Alstom - Foto: Rafael Narchi
Estação Francisco Bilbao, e trem fabricado pela Alstom – Foto: Rafael Narchi

Os passageiros são gentis, assim como a maioria da população de Santiago. É comum artistas de rua se apresentarem nos vagões com direito a microfone e caixa de som. Após o show, os cantores oferecem os álbuns com suas canções para vendas.

Linhas subterrâneas possuem estações discretas. Foto: Renato Lobo
Linhas subterrâneas possuem estações discretas. Foto: Renato Lobo

No período em que visitamos a rede, não constatamos nenhuma falha ou paralisação do sistema. Importante frisar que esta análise não é baseada em estudos técnicos ou em dados estatísticos. Em conversa com habitantes do país, alguns deles relataram que o sistema nem sempre funciona como um relógio no horário de pico, em semanas normais, diferentemente da nossa visita no final de 2015 e começo de 2016.

Trem da Alstom na Linha 5 - Foto: Rafael Narchi
Trem da Alstom na Linha 5 – Foto: Rafael Narchi

Operação

O Metrô de Santiago possui 94,2 quilômetros de extensão, dividido em 4 linhas, sendo que uma dela se subdivide em um ramal, a 4 com a extensão 4A. Conta com 101 estações e é operado pela empresa de capitais estatais Metro S.A.

mapa-santiago
Mapa da rede já com as novas linhas 3 e 6

Transporta uma média de 2,3 milhões de passageiros por dia. Parte das linhas são dotadas de trens sobre pneus, o que faz ter uma pequena trepidação, diferentemente dos sistemas sobre rodas de aço.

Guiagem com pneus - Foto de Renato Lobo
Guiagem com pneus – Foto de Renato Lobo

No horário de pico, composições longas operam no sistema, e no entre-pico, trens menores de 3 carros entram em operação. Algumas linhas (2, 4 e 5), durante o pico, operam em serviços semi expressos, alternando as paradas. Por exemplo, um trem parte da estação terminal a para nas estações pares, e o próximo nas impares.

Tarifa

A cobrança de tarifa também possuí peculiaridades, onde três tipos de tarifas são aplicadas: No pico, no horário de vale (entre os picos) e no horário de menor movimento, no início e próximo do fim da operação. Este tipo de medida ajuda a equilibrar a lotação do sistema, onde os horários de menor movimento torna-se mais atrativo pela baixa tarifa. O sistema de tarifa também possui integração tarifária ao sistema de ônibus.

Trem da Linha 1 fabricado pela Caf - Foto: Renato Lobo
Trem da Linha 1 fabricado pela Caf – Foto: Renato Lobo

Expansão

O Metrô de Santiago esta em expansão com mais duas linhas, a 3 e a 6, prometidas para serem entregas até 2018. Com as novas inaugurações, o sistema terá 140 km de extensão, 136 estações, e a expectativa é que a malha atenda a 2,7 milhões de passageiros por dia.

Em outubro de 2015, o governo chileno anunciou que a Caf (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles) estava em processo de produção de 185 carros (vagões) para operarem nas duas novas ligações, e os trens serão dotados do sistema driverless, sem condutores.

Trem sem condutor fabricado pela Caf para Santiago
Trem sem condutor fabricado pela Caf para Santiago

Até 2025, o governo deve acrescentar novas estações à rede. Tudo isso faz parte de ações do Plano Diretor de Transportes, expandindo linhas de Metro, trens de passageiros, ciclovias, além da construção de uma rede de VLT.

Paulistano, profissional de Marketing Digital, técnico em Transportes, Ciclista, apaixonado pelo tema da Mobilidade, é o criador do Portal Via Trolebus.